Retendo algo sem abrir mão de outra

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“É bom reter uma coisa e não abrir mão da outra, pois quem teme a Deus evitará ambos os extremos” (Eclesiastes 7:18)

Eu e Kati nunca nos encaixamos nos padrões tradicionais de ministério cristão. Durante 20 anos trabalhando na implantação de igrejas nós nunca recebemos salário maior que 25% do nosso orçamento familiar. Quando Deus me chamou para ser pastor eu até pensei, “Quem sabe eu não me torno o líder de um ministério grande que pode alcançar uma influência global… muitas atividades, um fundo ministerial para viajar o mundo, etc”. Mas comigo não foi assim!

Por causa da necessidade por mais sustento financeiro, também continuei a servir ministérios fora da igreja local, principalmente a JOCUM. Desse jeito eu podia continuar a levantar sustento missionário para cobrir as despesas da nossa família e perseverar na implantação de igrejas. Fomos conduzidos, não só pelas necessidades, mas também em oração para entender de Deus outras fontes de provisão que poderiam aparecer… ou não.

Na JOCUM , eu e a Kati fomos sempre missionários de “meio-período” porque tínhamos que nos dividir entre a missão e a igreja. Essa situação limitou bastante a nossa agilidade de levantar sustento. Não podíamos viajar muito, o que é essencial para o ministério que depende de parcerias financeiras na missão transcultural.

Nesse período, eu e a Kati começamos a sentir que o que nós estávamos vivendo representava um grande movimento “tectônico” em missões na nossa geração: a descentralização de liderança e a exaltação dos leigos.

Sempre que estávamos ensinando novos líderes em escolas ministeriais,  percebemos a necessidade de um “destino” mais abrangente para enviá-los. A maioria destes candidatos não queriam ser pastores ou missionários na definição mais tradicional. Entendemos que os líderes emergentes da geração milenar queriam servir a Deus através daquilo que a sociedade ocidental considera  ser  “uma vocação secular”.

Foi aí, que eu e a Kati compreendemos a urgência de não só praticarmos aquilo que estávamos pregando, mas também de nos envolvermos pessoalmente nas esferas da sociedade. Não estou dizendo que obreiros de agências missionárias e líderes eclesiásticos não estão inseridos na sociedade. Apenas relato aqui o que eu percebi em relação a essa geração emergente: o chamado que se destacava deste povo era redimir as vocações seculares por um propósito missional. E eu e a Kati queríamos fazer parte disso! Jamais teríamos autoridade para encorajar esta nova geração, em uma nova direção, se nós mesmos também, não a encarnássemos.

Agora, já faz mais de 10 anos que abraçamos essa mudança de paradigma – o que nós chamamos de “multivocacional”. Às vezes olhamos para trás com saudade da definição simples dos papéis mais tradicionais de liderança espiritual: “pastor”, “missionário”, etc. Navegar missões sem fins lucrativos, servir a igreja local, empreendimentos como negócios, a vida familiar e o mais importante – o relacionamento com Jesus – às vezes parece muito complicado. E percebo que, pelo menos no nosso caso, navegar constantemente entre papéis (funções) diferentes significa que os frutos crescem mais devagar. É assim quando cultivamos várias árvores no mesmo tempo.

O meu desejo é que o que escrevo aqui sirva como encorajamento para qualquer pessoa que se encontra no mesmo lugar, ou algo parecido. Você às vezes questiona a sua “identidade ministerial”? Bem-vindo à mudança de paradigma do terceiro milénio, e  abrace isso! E se você tem uma posição de liderança mais tradicional, abrace isto também, e por favor tente compreender as diversas novas formas de ministério que surgirão em sua volta…  novas e diversas formas de ser líder cristão… novas e diversas formas de ser missionário de Jesus.

David Dawson

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